Que eu afirme que sou com a plena incerteza de ser a cada dia uma.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

sentir-me  mais uma no rebanho traz leveza pra minha existência, afasta aquela pergunta incansável do "por que eu?", me torna mais humana, mais suscetível ao risco da vida. paradoxal ou complementarmente, é ter os ombros menos sopesados que faz minha estima aparecer, sorrir, me sentir poderosa (como todos são), me ver capaz, me ver protagonista de mim. e saber, ao fim e ao cabo, que sou inabalável, porque o abalo é intrínseco a vida; e a sua resistência, também.

obrigada Nandinha, por me trazer leveza ao coração.

sexta-feira, 4 de março de 2016

aprendendo de novo com Kandinsky

pouco mais de um ano atrás visitei uma exposição do Kandinsky. até então não sabia nada a seu respeito, mas estava a procura de um passeio cultural e conhecer um artista russo parecia uma chance talvez única. suas obras são lindas. ele trabalha as cores de uma forma tão sensitiva que não me permite descrever. mesmo assim, os textos, dele e dos curadores, também ressoavam muito em mim. o nome da exposição era "Kandinsky: tudo começa num ponto" e uma das frases que mais me impressionou foi "eu vi todas as cores em espírito. selvagens linhas quase loucas foram esboçadas na minha frente". essa visita mexeu comigo. foi como me fizesse perceber um caos harmônico de transformações loucas e lindas. transformações que começam num ponto. eu decidi que aquele dia seria o meu ponto e abandonei uma série de perguntas inúteis, sem resposta e um pouco destrutivas que vinham me ocupando. era natural que eu as fizesse e eu não me culpava por isso, mas a sensação da sua inutilidade junto da sua própria natureza as deixavam um fardo. foi como da água pro vinho. não é que tudo tenha sido assim superado de um pro outro. mas naquele ponto eu mudei o curso da minha superação definitivamente e abandonei de uma vez uma série de travas pra seguir em paz meu caminho. fiz isso quanto a uma questão pontual que vinha sendo um vulcão em mim. hoje eu percebo que há muito tempo tenho buscado fazer isso com outras questões que vão e vem e são muito mais minhas. muitas vezes bate um cansaço. bate um desânimo de começar de novo. porque nos meus momentos mais otimistas me digo que haverá dali em diante "um ano novo" de Drummond, mas quem decreta sou eu, invés do tempo. parece até um sumo ato de responsabilidade por mim. percebo hoje como é mesmo exaustivo começar tudo do começo ou pensar que assim será. me construir desde o início (ou quase) é uma tarefa tão grande que é sempre impossível e, então, frustrante, o que me faz ser arremessada por mim mesma pra a bem longe do triunfo do meu decreto de vida nova. por minha sorte e por meu esforço em ser melhor comigo e, assim, com quem comigo convive, é que tenho percebido um caminho de aprendizado, que me faz abondanar o decreto de me criar do zero e traz suavidade pra trajetória. hoje rememorando essa exposição, por um acaso do touchscreen, me deu uma alegria imensa pela decisão que tomei naquela vez. mais do que isso, me deu a leveza de pensar de que o ponto do começo é o ponto de alteração da rota. é o ponto de se arriscar em novos caminhos, sem que isso represente que todo o percorrido até ali não tenha seu sentido e sua beleza. é mais uma etapa das transformações da vida, como linhas lindas e quase loucas.

postei pra mim


terça-feira, 5 de janeiro de 2016

tudo pode me escapar

O tempo passa. A gente aperta aqui e afrouxa ali.
Se antes isso passava, nao passa mais.
Se antes aquilo nao bastava, chega a sobrar.
As prioridas, as visões, os sentimentos mudam.
E você não é uma nova pessoa.
Você é você no tempo da vida.

Mais uma coisa perdida a desapegar. Eu vi esse rascunho hoje. Ele tava lá pra baixo nas postagens. Por algum motivo, eu não postei. Decidi fazer agora e voltei na tela porque fiquei curiosa para ver a data. Mas eu não imaginava que uma vez que se mexe no rascunho ele atualiza para data da última modificação. Vai saber...  

"pra crer e ser crescendo sendo"

faz dois anos e meio eu decidi que escreveria para mim mesma toda vez que eu estivesse com aquela sensação de plenitude, de paz com universo e de intensidade na vida. a ideia era que eu pudesse me inspirar nos dias cinzas com aquilo que vinha de um sentimento genuíno de mim mesma e portanto com uma chance mais forte de me motivar de verdade sem resistência. eu nunca fiz isso, pelo menos não com essa clareza. hoje eu resolvi fazer. o computador travou e eu perdi. tava tão sincero e amável. dizia sobre o meu aprendizado sobre o que é sonhar. mas talvez a plenitude tenha essa fugacidade dos instantes. mais uma lição a aprender. e ela vai com o fundo da música do Castello Branco: crer-sendo.